PLURICOOP…o auge e a falência que ditaram o fim
Foi uma grande máquina no setor cooperativo nos início do século XX, mas em 2010, o império das Cooperativas de Consumo, agora com outro nome de Pluricoop acabariam por cair e deixar os mais de 300 trabalhadores sem chão e os sócios sem saber como e a quem se deveu essa queda do império da Pluricoop - Cooperativa de Consumo CRL
Ainda não se pensava sequer em grandes centros comerciais nem em grandes hipermercados ou supermercados, quando em 1918 na margem sul do Tejo era fundada a Cooperativa de Consumo União Pragalense, um projeto ambicioso que desempenhou um papel com relevo no desenvolvimento e organizacional da população do Pragal.
A partir desse ano, o projeto começou a ser pensado para se expandir para outras regiões da Península de Setúbal, chegando a Palmela e ao Pinhal Novo as primeiras lojas da Cooperativa de Consumo.
Em Pinhal Novo a cooperativa dava o jus à localidade – Coopinhal – a primeira loja nascia nos finais dos anos 70 e foi realizada com mão de obra dos homens que lutavam por um lugar de excelência para fazer as suas compras de consumo para a casa.
A Coopinhal nascia no lado sul da vila, junto aos Caminhos de Ferro e à sede do Clube Desportivo Pinhalnovense.
A sua inauguração foi um êxito com a presença da comunidade em peso que ansiava para entrar nas instalações para ver as grandes novidades.
Era um autêntico armazém de alimentação, lá tinha de tudo que se precisava. Mais tarde a ambição dos dirigentes associativos da Cooperativa de Consumo era notório, e a vila via nascer a olhos vistos a segunda loja da Coopinhal, mas está no lado norte, junto aos Bombeiros da vila e do Campo Santos Jorge (Clube Desportivo Pinhalnovense).
Em 1990 é fundada a Pluricoop, com a fusão das 31 pequenas cooperativas que nasceram em vários locais, como a União Pragalense, a COOTSET de Setúbal, a Coopinhal de Pinhal Novo e a CoopBaixa da Banheira.
Em 1992 a Pluricoop inicia a sua atividade e ambiciona com a construção de armazéns de distribuição instalados em Pinhal Novo, menos no traçado do TGV, projeto que nunca saiu da gaveta do Governo de Sócrates.
É em 2000 que a Pluricoop dá o salto para o projeto megalómano de investimentos na área da modernização de infraestruturas e equipamentos. Em 2009 já contava com um património volumoso de 32 lojas e o seu volume de negócios rondava os 34 milhões de euros.
Tudo isto com os sócios colocados de parte e sem saber o que rondava dentro dos corredores das cooperativas, agora Pluricoop.
É em 2010 que o projeto que tantos ambicionaram em 1918, começa a dar problemas e entra numa fase de instabilidade, uma crise económica de 2008 também não ajudou e é em maio de 2011 que um processo de insolvência da empresa se dá, foram inúmeras negociações que foram realizadas com entidades bancárias, nomeadamente com a Caixa Geral de Depósitos e que ainda conseguiu fazer-se um plano de viabilização da empresa e abrir algumas lojas como o caso da primeira de Pinhal Novo, mas a crise de 2011 não ajudou a que a Pluricoop se salvasse, encerrando portas e a deixar os mais de 300 trabalhadores no desemprego e os sócios sem qualquer informação sobre o que se passou e sem qualquer esclarecimentos por parte das direções que geriam as lojas das antigas e velhinhas cooperativas.
Decorridos 13 anos, os sócios só podem recordar os bons momentos que passaram nas lojas, onde na sua maioria eram locais de encontros e conversas, ficando só a memória de filhos, netos e bisnetos dos homens que deram tanto de si para a construção de supermercados cooperativos e onde se compravam produtos alimentares a preços imbatíveis porque eram adquiridos pelos sócios desta grande rede de distribuição alimentar do início do século XX.
Sabe-se que a maioria do património está entregue à banca e no caso das instalações de Pinhal Novo, a primeira loja (Sul) foi adquirida pela Câmara Municipal de Palmela e a loja do lado Norte foi adquirida por um empresário da China. O projeto da loja do lado Sul conhecido da população, será para instalar serviços municipais da Câmara de Palmela, havendo mesmo interesse do município em instalar os serviços do departamento urbanístico que atualmente funciona nas antigas instalações do hospital de Palmela e que pertence à Santa Casa de Misericórdia da vila. Com a transferência dos serviços municipais para o Pinhal Novo sabe-se que a poupança do município é de cerca de 50 mil euros/ ano, o projeto ainda não é de conhecimento público.