Orçamento da empresa ultrapassa dois milhões de euros

A única empresa municipal na área do desporto a nível da Península de Setúbal conseguiu enfrentar o período da difícil pandemia e o presidente José Barreto anuncia novos projetos e desafios. O responsável da Palmela Desporto não deixa de criticar a discriminação sofrida pelas empresas municipais na área do desporto, que “cumprem deveres, mas não beneficiam de direitos”

Redação Fevereiro 8, 2023Última Actualização Fevereiro 8, 2023

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A Palmela Desporto “está bem e recomenda-se”, depois dos tempos difíceis que viveu durante a pandemia, com José Barreto a destacar “acabámos de aprovar o Orçamento para 2023, que pela primeira vez ultrapassa os dois milhões de euros”. O período difícil que a empresa municipal enfrentou é lembrado pelo presidente “não podemos esquecer que entre 2020 e 2021, tivemos as instalações fechadas durante seis meses, com uma quebra muito significativa no número de utentes”. E acrescenta “foi um percurso muito difícil e árduo, mas honramos todos os compromissos, pagamos a tempo e horas a todos os trabalhadores, aos fornecedores e os impostos, e quando pensávamos que as dificuldades com a pandemia estavam ultrapassadas assistimos em 2022 a um aumento brutal das energias, que se não fosse o investimento do município de quase um milhão de euros na eficiência energética, teríamos sofrido danos financeiros catastróficos”.

No início desta época, realça, “conseguimos recuperar o número de utentes e na piscina de Pinhal Novo até ficámos com mais praticantes”.

A Palmela Desporto tem atualmente 7500 utentes por semana, com a piscina do Pinhal Novo a receber 4200 pessoas e a de Palmela 1100, e o destaque vai para o equipamento mais recente, o Pavilhão do Poceirão, a incluir cerca de 800 utilizadores.

Novos desafios e projetos

A Palmela Desporto não pára e continua a diversificação de modalidades com novos desafios anunciados pelo presidente “criámos dois Centros de Marcha e Corrida no Pinhal Novo e em Palmela, apadrinhados por Pedro Pichardo, numa iniciativa da Câmara de Palmela em parceria com a Federação Portuguesa de Atletismo e do IPDJ. Este ano vamos criar um novo Centro na Quinta do Anjo”.

Os Centros envolvem cerca de 100 praticantes e têm tido elogios da Federação que destaca o seu enorme sucesso.

Outro projeto que está a despertar grande interesse é o da Escola Next, de Danças Urbanas, e para José Barreto, “é um privilégio trabalhar com Laura Alves, que é bastante reconhecida nesta área”. Também o surf está de regresso, numa parceria com uma escola do concelho, com atividades nas Piscinas e na Costa da Caparica, revela e também “temos uma parceria na modalidade de windsurf, tudo isto a juntar as mais de 40 atividades existentes na Palmela Desporto”.

Mas existem mais parcerias, uma delas “é a criação de uma Escola de Skate no Pinhal Novo, uma modalidade olímpica em parceria com um campeão português”, anuncia.

Mas José Barreto não deixa de destacar “continuamos a ter um enorme orgulho no sucesso dos nossos atletas e treinadores nas modalidades de natação e triatlo, com destaque para a nadadora Leonor Parente, que juntou recentemente ao seu palmares o título de campeã nacional nos 50 metros livres. No triatlo temos 70 atletas, entre os 7 e os 65 anos, que participam praticamente todos os fins de semana em provas e nesta época têm conquistado vários pódios regionais e nacionais, sendo Malvina Gomes um desses exemplos. A equipa de natação tem cerca de 120 atletas”.

“Outra das apostas da Câmara foi a criação do Programa de Desenvolvimento do Desporto Adaptado. Começamos pela natação adaptada, que é orientada pela Simone Fragoso e o Bruno Nogueira”, frisa e acrescenta “o desporto adaptado, foi um desafio que a Câmara nos lançou e, muito em breve, iremos dinamizar a modalidade de judo com algumas escolas do concelho, bem como a Boccia”.

Na natação adaptada temos atletas de relevo como o Pedro Manito, e o João Cruz, campeões nacionais na época transata, mas também o Duarte Gaspar, o Samuel Vila e o Rafael Cristina”, destaca.

Simone Fragoso é funcionária e atleta da Palmela Desporto, com José Barreto a realçar “é um exemplo de enorme persistência com 42 anos e que após abandonar as competições de natação decidiu enveredar pelo atletismo, no lançamento de peso e halterofilismo”. A atleta palmelense (e a Palmela Desporto) querem marcar presença nos Jogos Olímpicos de Paris, que se realizam em 2024.

Envolvimento de empresários locais

Os empresários locais reconhecem a importância da Palmela Desporto, dos seus atletas e das instalações para promoverem os seus produtos, bens e serviços, lembra José Barreto, que “se traduzem em parcerias muito importantes, para as equipas de triatlo e natação, através de patrocínios. As instalações que gerem, onde entram vários milhares de pessoas, são igualmente espaços de excelência para a promoção comercial”.

Relação com a comunidade

A Palmela Desporto tem estabelecido protocolos com inúmeros atletas do concelho na perspetiva de contribuir para o seu êxito desportivo e lembra “o êxito dos atletas do concelho é o nosso êxito, tem sido uma experiência extremamente gratificante para a ambas as partes, a disponibilidade dos atletas que apoiamos é fantástica estão sempre disponíveis para colaborar nos nossos eventos, neste momento temos protocolos com o Rui Narigueta, João Jesus, João Bragadeste, Simone Fragoso, Antonio Antunes, Malvina Gomes, Marcelo Cazassa, Marco Teixeira, Rui Baltazar e o Pedro Pichardo”.

Um dos grandes objetivos estratégicos da Palmela Desporto “é a ligação ao movimento associativo, em que o número de protocolos que tínhamos aumentou significativamente, com destaque para os bombeiros, que são na Palmela Desporto descriminados de forma positiva tendo em conta a concretização dos objetivos do cartão municipal do bombeiro” salientado ainda “que o clubes desportivos que usam as instalações da empresa municipal são cada vez mais parceiros para o desenvolvimento do desporto, pelo tem tido sempre o nosso incondicional apoio”. E não deixa de destacar a importância dos investimentos feitos na conservação e manutenção e na imagem urbana, que “é outra das nossas preocupações, onde apostamos nos últimos anos, por exemplo, na pintura do pavilhão de Pinhal Novo e das piscinas de Palmela e Pinhal Novo”.

A Palmela Desporto continua a ser responsável pela gestão de cinco equipamentos, o Campo de Jogos Municipal de Palmela, o Pavilhão Desportivo do Pinhal Novo, o Pavilhão do Poceirão e as piscinas de Palmela e Pinhal Novo. Quando o Pavilhão da Escola Secundária de Palmela estiver concluído a empresa municipal estará pronta para assumir também a sua gestão. Destaca ainda que “o delfim dos equipamentos desportivos, o pavilhão do Poceirão, está a ter um êxito assinalável, durante o dia usado pela escola José Saramago e à noite por grupos informais e a associação dos jovens caramelos no futsal. Na calha está o interesse em desenvolver outras atividades e modalidades com entidades e parceiros com quem estamos em diálogo”.

“Os trabalhadores são o motor desta empresa”

A propósito dos trabalhadores da empresa não se cansou de salientar a importância que “têm tido no crescimento da Palmela Desporto, na prestação do serviço público de elevada qualidade, na dedicação e profissionalismo com que diariamente lindam com quem nos procura por termos trabalhadores empenhados e dedicados que cada vez mais temos utentes a procurar os nossos serviços”.

Empresas Municipais são discriminadas…

Os seis meses de paragem, recorda “foram extremamente difíceis para a Palmela Desporto que não pode recorrer à layoff”, com José Barreto a criticar essa impossibilidade legal. Embora a empresa municipal seja uma consumidora intensiva de gás “o nosso código de atividade económica não nos permite recorrer a apoios, nomeadamente a nível do gás, porque o Governo não contemplou as empresas municipais, que parecem que apenas têm deveres, como o pagamento de impostos e outras obrigações, mas não beneficiam dos mesmos direitos das empresas comerciais”. No entanto não deixa de lembrar “temos e assumimos a nossa responsabilidade social relativamente a escolas, IPSS’s, lares e fundações, mas isso não é tomado em linha de conta”. Para o presidente da empresa municipal essa situação “deve ser rapidamente reavaliada”.