Lena Monteiro: “Querem ver um Cortejo de Vindimas? Vão a Palmela”
Do auge dos seus 86 anos, Helena Monteiro – mas quer ser tratada apena e só por Lena – esteve presente desde o início das Festas das Vindimas e acompanhou de perto a organização, principalmente do Cortejo. Conversou com o Jornal Concelho de Palmela sobre o passado, para entendermos quais são as alterações até ao presente.
“Tenho muito poucas vezes o meu nome na Comissão, mas já trabalhei nos cortejos da manhã e da tarde. No da tarde, foram quase 30 anos”, revela Lena, ao mesmo tempo que conta a sua participação na decoração da charrete das festas do jardim infantil da época, que desfilou na primeira edição.
Ajudou na organização do setor da rainha, na ornamentação de pavilhões e muitas pessoas pediam o seu auxílio para inúmeras outras atividades. Guarda jornais com as fotografias: “num ano, apenas saíram os meus carros no jornal”, confessa, orgulhosa do trabalho que realizou.
Pintou blusas para o peditório: “foi um cacho de uvas ou o escudo da câmara. Já não sei. Foi há tantos anos, e foram tantas coisas, que já estou esquecida”.
Por falar em uvas: “as parras que leva a rainha, no ceptro que tem na mão, fui eu que as dourei. Desde há muito tempo, desde que eu as fiz, continuam lá, nas mãos de quem ganha, até à seguinte”.
Da evolução das Festas das Vindimas, Lena confessa que “os primeiros anos eram mais vindimas”, mas “a vida modifica-se, as pessoas têm as suas ideias e fazem conforme sentem e como pensam”, embora “a Pisa da Uva tem se mantido e tem que se manter”.
Lena Monteiro, recorda o seu irmão – o conhecido e acarinhado palmelão Tito Monteiro, cujo seu nome está eternamente ligado à fundação destas que são as Festas de Palmela: “Pode dizer-se que eu era o braço direito do meu irmão. Fizemos o torneio medieval e o cortejo histórico e fizemos muito mais para além disto”.
“Vindimas, vindimas… Vindimas e o vinho. É a essência das festas. Pode haver um carro com mais um bêbado ou com mais fantasia, mas é sempre o vinho, as vindimas e as uvas. As pessoas, e Portugal, têm de dizer “se querem ver um cortejo de vindimas, vão a Palmela”.
Numa longa conversa, Lena falou das festas, mas também de si, da sua história enquanto profissional e artista e da sua vida com o seu irmão. O Jornal Concelho de Palmela vai revelar mais sobre esta partilha, que foi rica para quem ouviu, e vai enriquecer certamente também quem quiser ler.