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Azeitão considera serviços da Alsa Todi um “sonho que se transformou em pesadelo”

“Deixa-me sair eu, porque se sais tu mais uma vez e chegas atrasado és despedido”, foi uma das frases ouvidas pelos munícipes

À semelhança do que acontece nas restantes freguesias, a Câmara Municipal de Setúbal agendou uma reunião na segunda-feira à noite, 26 de setembro, com os munícipes de Azeitão, para debater o tema dos transportes públicos e perceber, junto da população, quais são os constrangimentos sentidos e vividos diariamente.

Neste encontro, estiveram presentes todos os membros do executivo do partido comunista, entre eles a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Sónia Paulo, o presidente do município, André Martins, a vice-presidente Carla Guerreiro e os vereadores Carlos Rabaçal, Rita Carvalho e Pedro Pina.

A sala da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense ficou quase cheia, entre trabalhadores, encarregados de educação, filhos e netos, que se uniram e deslocaram com uma causa em comum – ver resolvido o “drama” vivido desde dia 1 de junho (início da operação da Carris Metropolitana no lote 4) e pedir para que haja uma normalização de carreiras e de transportes rodoviários.

A sessão começou com uma breve explicação de como foi feito o concurso público internacional que colocou a Alsa Todi responsável pela operação no lote 4 da península, com a confissão de que eram expectáveis alguns problemas, mas “nunca nesta dimensão”, confessa o presidente da autarquia local.

Houve ainda uma explicação de que se “exigiu a garantia dos serviços mínimos” até dia 16 de setembro, que “não foi cumprida” e, assim, o presidente recorreu à população e convidou todos os azeitonenses a “juntarem-se numa manifestação que vai permitir levar vozes mais alto”.

Quando foi dada a palavra as munícipes, várias histórias foram contadas e, fizeram logo questão de assinalar, “nenhuma tem final feliz”. As queixas fizeram sentir-se em eco, com alguns a comentar “o passe que foi comprado e que ainda não foi usado” pelos educandos aquando do regresso às aulas, ou ainda quem tem de estar, “às 5h30m da manhã de pé para ir para Lisboa trabalhar às 8h30m sem certezas” de que terá transporte para se deslocar.

Há ainda uma forte onda de acusações no que toca à “ingenuidade” e à “falta de cuidados e vigilância”, bem como “má gestão” de como seria o funcionamento da Alsa Todi nos transportes Carris Metropolitana, que culminou num “serviço precário e inexistente” e em “um sonho que se transformou num pesadelo”. Quanto à manifestação, foi comum a opinião de que “não se devia esperar da população o trabalho que cabe à autarquia ser feito”.

A esperança é a última a morrer

Foi mencionado, ainda, D. Sebastião que “vai chegar numa manhã de nevoeiro… assim como muitos autocarros que nunca apareceram até ao momento”. Contou-se que carreiras urbanas fazem percursos que não se destinam a esse transporte, com apenas “30 lugares” e com “pessoas a ir de pé” e “chegando à autoestrada, são obrigadas a sair, porque só é permitido viajar sentado”, relatando-se ouvir: “deixa-me sair eu, porque se sais tu mais uma vez e chegas atrasado és despedido”.

Para quem estuda em Palmela, de Azeitão, para além da falta de transporte escolar, acrescentou-se a “injustiça” de uma “escolha que não coube à população” do pagamento do passe ter de ser o de navegante metropolitano, ao invés do navegante municipal – a diferença é que o primeiro custa 40 euros e o segundo 30 euros. O município comparticipa 50% do valor, ou seja, 20 euros no primeiro caso e 15 euros no segundo. Os pais mostraram-se revoltados e insatisfeitos com esta situação, com a resposta da autarquia a considerar serem “as regras”.

No final da reunião, o executivo esclareceu que “várias reuniões são realizadas” com a operadora e com a TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, para “resolver o problema”, mas que “não é fácil lidar com a situação”, estando dependente de “muitos processos e morosos”, com, confrontados com a possibilidade de “ter os antigos horários da TST”, não poderem “assegurar essa proposta” porque “depende da Alsa Todi a gestão dos transportes rodoviários” no lote 4.

A Câmara Municipal de Setúbal mostrou-se disponível para atender toda a população, individualmente e quem quisesse relatar o problema, para que, a partir daí, fosse possível tentar encontrar a solução.

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