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Pedro Lima relembra momento desesperante do incêndio em Palmela

Pedro Lima acredita no reerguer dos Moinhos da Serra do Louro

A cara é bastante conhecida de todos aqueles que apostavam em realizar a sua festa de aniversário ou mesmo de grupo de amigos nos Moinhos da Serra do Louro, Pedro Lima é o fundador das “Histórias à Mesa”, uma marca que cuidava do espaço dos Moinhos Vivos de Palmela e também do olival que está na encosta da Serra do Louro, propriedade da família Frescata.

O espaço começou por ser dinamizado por Pedro Lima que colocou mãos à obra e de um espaço quase abandonado, passou a ser um espaço cuidado e com vida, os Moinhos de Palmela voltaram a ter nome e a ser relembrados por todos aqueles que escolhiam o espaço para passar bons momentos, mas também por todos os que aproveitavam o ar puro da serra em pleno Parque Natural da Arrábida.

No passado dia 13 de julho deste ano, tudo viria a mudar e a lembrança de uma má memória vai ficar na memória de todos aqueles que acompanharam pela televisão ou mesmo de perto o fatídico incêndio que colocou parte da Serra do Louro, Serra de São Luís e Serra dos Gaiteiros de luto. Para Pedro Lima é uma data que nunca mais sairá da sua memória, pois na altura do inicio do incêndio, Pedro Lima e a esposa estavam nos moinhos a fazer um workshop para crianças, rapidamente retiraram as crianças do local, como forma preventiva, mas nada lhes passaria na cabeça que tudo aquilo se tornasse um pesadelo.

As chamas chegaram às encostas do Castelo de Palmela rapidamente, ameaçando a conhecida mata do Castelo, o avanço foi muito rápido, até passar a estrada de Vale de Barris para o lado norte, e aí subiu as encostas até aos moinhos, nada havia a fazer para salvar o património histórico local. Pedro Lima só se lembra de procurar os três burrinhos que tinha na propriedade, mas os animais fugiram para baixo, até à vedação da Estrada dos Barris, sendo resgatados por associações e entregues a Pedro Lima mais tarde, o jovem só se lembra de andar dentro das chamas à procura do Mimoso, da Amora e do Figo, mas sem êxito.

Na parte de cima da serra, já a sua esposa terá fugido à fúria das chamas, mas sem êxito para o lado de Palmela, Rute Lima lembra-se de pegar no carro e fugir serra acima, ficando a viatura presa numa rocha, atrás dela, um vizinho seu das vivendas que também foi ajudado por jovens que o carregaram cerca de um quilómetro para fugir à fúria das chamas. “Só me lembro de correr e correr sem olhar para trás e chegar sã e salva à Quinta do Anjo, não sei, eu chorava e sorria ao mesmo tempo, é uma coisa sem explicação”, lembra.

Pedro Lima só quer apagar aquele dia da sua memória, com um olhar serrado, e lágrimas nos olhos, olha para todo o património histórico queimado e danificado.

“Agora é aguardar por melhores dias e pela requalificação dos moinhos, um local com história e lembranças para muitos que nasceram aqui, tudo destruído, quatro anos de trabalho destruído, mas não podemos baixar os braços, estamos na luta para continuar as ‘Histórias à Mesa’, pois é para isso que cá estamos e é a nossa missão”, diz Pedro com um ar cansado e de desalento.

Agora é esperar por melhores dias para que possam fazer renascer os Moinhos Vivos de Palmela.

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