João Camolas viajou até 1963. Contou a história da fundação da Festa das Vindimas
Um grupo, com membros de distintas associações, juntaram-se para criar as emblemáticas Festas de Palmela
Grupos de amigos significam companheirismo, aventuras, momentos, partilha, convívio e alegria… Neste contexto, que é o da criação da conhecida Festa das Vindimas, esta junção resultou em muito mais que isso – culminou naquelas que conhecemos hoje como as festas de Palmela.
Entre a Comissão fundadora, esteve João Camolas, que contou ao Jornal Concelho de Palmela um bocadinho do início desta jornada de 59 anos e fez-nos voltar atrás no tempo.
Na vila, ainda antes da criação da Festa das Vindimas, existiam “duas feiras – a de verão, à entrada da vila, em julho, e a de inverno, no Largo 5 de Outubro, em dezembro”, sendo, que, esta última, ainda tinha alguma dimensão e juntava muitos produtores locais. A feira de verão, terminou, e a de inverno, com as novas construções, ficou progressivamente com “o espaço reduzido e sem valor nenhum”.
“O movimento associativo foi sempre muito rico em Palmela, e, como aqui deixou de haver festas, num ano, o Manuel Luís Rodrigues Pinto, começou a incentivar outros a juntarem-se a ele para delinear uma festa. Convidaram-se pessoas para fazerem parte da comissão, com alguns a aceitar e outros não”, revelou o Sr. João.
Convidaram Álvaro Cardoso, que trouxe a inspiração da Festa das Vindimas de Jerez de La Frontera, e Jacinto Augusto Pereira para depois, com um grupo sólido formado, reuniram “em força”, com a escolha da data estrategicamente pensada para começar uma nova jornada.
“A festa começou logo com uma grande força, com o bairrismo palmelão enraizado na sua fundação”, e a própria divulgação foi enorme, com a cobertura de media nacional, assume João Camolas, com ele mesmo a ter estabelecido contactos.
O membro da primeira comissão confessou ainda que as festas de antigamente “não se comparam com as de agora”, bem como “a vida”, com a existência de muitas adegas e muitos produtores no século XX. Embora algumas coisas se tenham mantido ao longo dos anos, “outras essenciais deixaram de se fazer”, como é o exemplo “do colóquio sobre a vinha e a prova de vinhos”.
“Deu muito gozo, apesar de trabalharmos muito, ver o resultado final e adesão, até mesmo nas ajudas. Quem não podia, tinha, mesmo assim, uns trocos guardados para dar no peditório”, desabafou João Camolas.
São 59 anos de história e tradição, de uma festa pensada por palmelões para Palmela… Para as pessoas da vila e para quem a quisesse visitar, com a certeza de que, nesta altura, o objetivo era fazê-las regressar para saborear o vinho, a uva, e a vindima.