Entre a ruralidade e a inovação de futuro

Cecília Sousa é a mais nova presidente da única União de Freguesias que existe no concelho de Palmela. Natural do Montijo, desde muito nova que adotou a freguesia de Poceirão para trabalhar e viver, com 46 anos, a jovem presidente da União de Freguesias de Poceirão e Marateca, fala-nos de como é a sua União de Freguesias e dos anseios que tem em conjunto com a população que na sua maioria é uma população ligada ao mundo agrícola e ultimamente ao mundo dos vinhos, de onde têm saído os melhores vinhos do mundo. Foi na manhã fria da passada semana, que a nossa equipa de reportagem esteve à conversa com a presidente Cecília Sousa, no seu gabinete, com vista virada para aquela importante via ferroviária que corta a localidade. Cecília começa por lembrar que Poceirão é a freguesia mais rural do concelho de Palmela e que tem um vasto território, acrescentou após ser agregada ao território da freguesia de Marateca. Poceirão é uma localidade com um território disperso, a sua população está mais envelhecida, embora seja uma localidade que tem recebido nos últimos anos pessoas de outros países, nomeadamente dos países de terceiro mundo. A presidente da União de Freguesias de Poceirão e Marateca lembrou que 16 por cento dos alunos que frequentam as aulas noturnas no Agrupamento José Saramago, são estrangeiros desses países, mas admite ainda que Poceirão tem sido um lugar de passagem para muitos desses imigrantes, que permanecem pouco tempo naquela localidade.

Atualmente, o Poceirão conta com cerca de 9 mil habitantes (Censos 2011), mas Cecília Sousa acredita que a população possa ter aumentado um pouco mais, sendo complicado obter números devido à permanência de imigrantes que muitos nem são recenseados na junta de freguesia.

Poceirão precisa de mais saúde

Um dos problemas mais identificativos pela autarca é o facto de Poceirão e mesmo a Marateca não ter mais oferta na área da saúde: “Nós estamos num território que tem dois postos médicos, mas que há data de hoje, aqui no Poceirão não temos médico de família, é um posto servido apenas por enfermeiros”, prosseguindo “A médica que temos está cá às quartas-feiras para fazer saúde infantil e materna”, Cecília Sousa diz que a localidade e as populações estão desprotegidos com a falta de médicos de família.

“Temos uma população totalmente desguarnecida de médico de família”, diz.

Já no campo da segurança, a presidente afirma que a criminalidade na localidade não aumentou, mas fala que é necessário ter um posto em funcionamento 24 horas. Foi em 2023 que a localidade de Poceirão ficou a saber que o Posto Territorial da GNR iria só funcionar com um horário de expediente e sem militares de relevo, sendo que as patrulhas seriam feitas por Palmela e Pinhal Novo, a mais de 20 quilómetros de distância. A luta da população foi imediata, o grito foi ouvido por todos os cantos como explica: “Esta é uma conquista das populações e das autarquias, que permitem que os projetos aconteçam. Isto é um exemplo daquilo que tem sido a força e a movimentação das populações a lutar pelos seus interesses.”, isto após anunciada a retirada dos militares, a Câmara de Palmela, a UF de Poceirão e Marateca e as populações apelaram ao bom senso do Poder Central para que construísse o novo Posto da GNR no terreno já cedido pelo Município de Palmela.

O projeto irá ser apresentado na próxima semana durante a visita do executivo municipal ao Poceirão. O contrato programa também já é uma realidade, após ter sido assinado no Ministério da Administração Interna entre o atual ministro do MAI e o presidente da Câmara de Palmela.

Poceirão no olho do Furacão

A localidade de Poceirão é uma das regiões que irá ter alguma importância na implementação do novo aeroporto em terrenos do Campo de Tiro, a pouco quilómetros de Canha, o Poceirão poderá ser um “condado” importante de acessibilidades, tanto rodoviárias, como ferroviárias.

Em causa esta a pouca distância percorrida até Canha, a região que irá acolher parte da infraestrutura aeroportuária, e para isso o Poceirão poderá ter um papel fundamental na questão de ser uma região para viver e com condições que possam dar mais e melhor acessibilidade para quem aterra no novo aeroporto.

Cecília Sousa acredita que a localidade possa ser uma das mais beneficiadas com a chegada deste investimento nacional. “Quero acreditar que o Poder Central possa olhar para o Poceirão com outros olhos e que possa investir mais nestes territórios com muito potencial, apesar de sermos uma zona desfavorecida, mas que tenho esperança que o nosso território possa receber muitos investimentos importantes e em todas as áreas”, disse. Já desejos para o futuro, a autarca avança que “este mandato seja um mandato de concretizações e cumprimento dos compromissos que assumimos é um dos meus desejos”.