Chinelo “calçou” vários cantos de Setúbal com arte
Não quer revelar o nome. Pelo menos, para já. Fica apenas conhecido como o Chinelo e é o novo artista que espalha arte pela cidade sadina, de onde é natural. Falou com o Jornal Concelho de Palmela e revelou ser esta a sua ambição – fazer e viver da arte.
Tem 24 anos e esteve desde 2018, até a final do ano passado, em Praga. Desde sempre fez “muitas colagens” e foi nessa cidade estrangeira que começou com uma exposição. Desenha, mas “não mostrava a ninguém”. Quando terminou a exposição ficou com o trabalho “em casa” e foi assim que tudo se iniciou.
Antes, fazia graffiti, paixão que se despertou nos tempos em que “andava de skate no Largo de Jesus” e considera ser essa forma de expressão artística uma “escola para muitos”. Chinelo sempre teve aproximação com “o trabalho de rua”, embora não goste de street art [arte de rua] que, na generalidade, rotula como algo “fraco e sem espírito”.
O artista contou que, em Praga, foi uma peça que colocou no metro que despoletou o resto. A partir dali, gerou-se alguma curiosidade e polémica, especialmente no bairro de Letna, onde se viram maior parte das suas obras.
As ideias… surgem aleatoriamente, seja ao “ouvir um podcast” ou com simples “frustrações e pensamentos” … são factos que Chinelo considera seus e são “retratos” de si mesmo.
“Isto é o que eu gosto de fazer e vou mesmo dedicar-me. Sinto que ainda não fiz nada aqui e quero começar a fazer muito mais”, revelou.
Considera que a aceitação cultural está a crescer em comparação ao passado, em Setúbal. Sente “uma aceitação muito maior” e “aderência, até das pessoas mais velhas”. Há “mais interesse, mas não ao nível do estrangeiro”.
O material usado para as suas construções artísticas é o k-line, usado pelos arquitetos na construção de maquetes. Chinelo coloca as peças na rua e tira logo fotografia porque existe a forte probabilidade de, no dia seguinte, já não estarem intactas ou inteiras. Vai ter uma exposição e de futuro tem projetos pensados e traçados.
Porquê chinelo? Num insulto de briga de rua, assistido pelo melhor amigo, ouviu-se isso mesmo – Chinelo. Dalí, o nome ficou direcionado para ele, e, por ser como ele, “desastrado e aleatório” adotou-o – na vida, na arte, e na rua. Não se quer revelar por não se sentir à vontade, mas também porque quer que as pessoas se foquem no seu trabalho, ao invés do foco ser para si.