Sociedade

Aires diz não à habitação social

Os moradores das várias urbanizações de Aires, em Palmela, uniram-se e são já mais de 500 que estão num grupo do WhatSaap a definir estratégias de lutas para não permitir a construção de habitações sociais como apelidam. Câmara de Palmela emitiu um esclarecimento que apareceu nas caixas de correio

Apolémica está instalada depois da autarquia de Palmela ter anunciado que irá construir ao abrigo da Estratégia Local de Habitação, seis edifícios em seis lotes localizados na zona de Aires, na freguesia de Palmela.

Vão ser 46 fogos construídos numa área bruta de 3.948m2 que vão ser localizados na Rua Agostinho Augusto Pereira (92, 93,94 e 95), na Rua Maestro Ferrer Trindade (1) e na Rua Alexandre Herculano, Cabeço Velhinho serão construídos oito fogos de dois pisos – esta em fase de estudo urbanismo interno – estas construções e segundo um documento a que o Jornal Concelho de Palmela teve acesso, serão construídos para fazer fase às necessidades de grupos mais vulneráveis (Estratégia de Integração das Comunidades Ciganas, Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo).

Os moradores das respetivas zonas ao tomarem conhecimento da intenção do Município de Palmela, decidiram mostrar o seu descontentamento, e na passada sexta-feira (19) começaram aparecer cartazes e faixas com a mensagem “Não! À Habitação Social em Aires… Aqui vai nascer um Bairro Social”.

Um dos moradores falou com o nosso jornal, não querendo ser identificado, avançou que é uma má decisão por parte da Câmara Municipal de Palmela, pois são zonas residenciais com habitações de algum valor patrimonial e que com a chegada destas construções, a zona e as habitações ficam desvalorizadas. 

A Câmara de Palmela emitiu um comunicado que diz que teve conhecimento da recente manifestação que considera ser de carácter alarmista.

Diz o mesmo comunicado que a Estratégia Local de Habitação (ELH) de Palmela, está em curso e decorre até 2026, e que a mesma foi aprovada por unanimidade pelos órgãos autárquicos e pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana em 2021, avança ainda que nessa altura a ELH foi amplamente divulgada.

A Câmara de Palmela esclarece ainda que para Aires estão projetados 32 fogos, e 8 fogos para a zona do Cabeço Velhinho.

Salienta ainda que as ELH são desenvolvidas pelos municípios de todo o país, que procuram responder às “enormes dificuldades de acesso à habitação condigna por milhares de famílias que, apesar de trabalharem, não conseguem atualmente fazer face ao aumento das taxas de juro e das rendas”, devido a uma enorme especulação que existe no mercado imobiliário.

Já a escolha nos locais indicados, a autarquia explica que é para “melhor integração” das comunidades, evitando, fenómenos de segregação e de exclusão sócio territorial.

Avança ainda que estranha o sobressalto da população, sem que tenha sido pedido qualquer informação ao município de Palmela e que não se revê em movimentos que promovam segregações nem ‘apartheid’, assentes numa desinformação e propagação de medos que são infundados, acusando os mesmos de “servir interesses obscuros”.

Por fim, o mesmo comunicado da autarquia palmelense deixa um esclarecimento que as construções que vão nascer nos locais indicados, são habitações para arrendamento apoiado, de qualidade e para todas as pessoas, não será, aquilo que as faixas apelidaram de “bairro social”.

O Jornal Concelho de Palmela falou com alguns moradores de Aires que dizem que está em curso um abaixo assinado para poder ser entregue na autarquia e que existem moradores que já consultaram advogados para auxiliar neste caso que está a preocupar os mesmos, pois não são contra à habitação social, mas em outro local, e não nos que são conhecidos naquela região.

As opiniões são unânimes, pois a localidade ao receber os empreendimentos para o fim que são, desvalorizará as suas habitações e muitas delas vão ser difíceis de vender um dia mais tarde.

Dão ainda o exemplo da Câmara de Setúbal que recuou na decisão de colocar também com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência, um bairro social a poucos metros da Quinta da Serralheira, na zona de Algeruz.

“Foram meses de reuniões e abaixos assinados que aquela autarquia recebeu, mas demoveram a ideia de colocar no local um bairro social, se for necessário faremos aqui em Palmela o mesmo, porque aqui está a nossa qualidade de vida e a nossa segurança”, afirmam.

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